quinta-feira, 27 de junho de 2013

olha como estou linda!



Fala sério, pensaram que fosse eu?
Não, quem está linda é a Glorinha, e voces podem conferir pelas fotos:








está uma delicia, não é?

Bom pessoal,  tenho acompanhado atentamente os movimentos nas ruas, as manifestações e cobranças. Fico preocupada com a violência e o desatino desses bandidos que só querem aproveitar a  oportunidade para saquear e destruir.
Mas . . .
Estou tão orgulhosa desses jovens que levantam cartazes, balançam bandeiras, pintam o rosto.
Isso é tão lindo, pensei que morreria sem ver isso nas ruas de meu país.
Que tenham o discernimento de perceber a hora de falar, gritar e cantar. Mas que também saibam a hora certa de calar e voltar para casa, íntegros e em segurança.
Rezo por eles, eu que vivi a ditadura e o horror daquelas passeatas da época da revolução. Muitos jovens morreram, e sei que a grande maioria nem sabia porque estava protestando.
É glorioso ver essas bandeiras e esses rostos pintados clamando por justiça e melhoria de condições de vida.
Mas é muito triste perceber que para uma significativa parcela, tudo não passa de farra e desordem.
Oxalá valha a pena!  Precisamos mesmo de muitas reformas, e alguém tinha que dar o primeiro passo.
E é aí que sinto orgulho de meu povo, de meus jovens inteligentes e lúcidos.
Vai Brasil, mostra sua cara pintada! E que essa luta não seja em vão!
Ah!!! como queria ter vinte anos novamente !




terça-feira, 11 de junho de 2013

Sitio São Joaquim




Ele a surpreende aos prantos, dobrando roupas, organizando malas.
Sorri com carinho, pois sabe e respeita os motivos que a levam a chorar.
- até quando vai esse chororô?
e ela:
- me deixa chorar, voce sabe que dentro de alguns dias já passou...

Continua a dobrar as roupas. As limpas são colocadas na mala, algumas já usadas são postas em um saco para serem lavadas.
As roupas que as crianças despiram antes do banho também são colocadas no saco. Ela sabe que ao deposita-las no tanque, já em casa, vai sentir o cheiro do barro, a textura da terra, e ficará com saudade.

Os cobertores ficam, dobrados sobre as camas, aguardando o momento alegre e gostoso de aquecer novamente esses corpos pequenos e cansados. E também os corpos adultos nas noites geladas de Ibiuna.

Um olhar para a geladeira já limpa, desligada, num canto da cozinha. Está em compasso de espera pela nova remessa de frutas, legumes e carnes, que chegarão em meio a um turbilhão de vozes e sorrisos de crianças famintas e com sede.

O fogão a lenha, esfriando suas brasas, derradeiras brasas nessa temporada de férias, sabe que ficará gelado por um período, esperando que sua dona chegue e o abençõe com muito calor e perfumes deliciosos. Ele merece dela um afago, um passar de dedos, um sorriso.

O marido fala alto, lá de fora:

-Vamos, as crianças já estão no carro, as tralhas também...vamos pegar muito trânsito se atrasarmos!

Era tudo tão óbvio, tão igual,  sempre o mesmo ritual, quase sempre as mesmas palavras.

- vou a pé até a porteira, assim fecho o cadeado...

Ia andando, devagar atrás do carro, dizendo adeus àquele espaço tão querido. Acenando para a imensa paineira que havia plantado tão pequena.  Ao entrar no carro, o marido ria e repetia:

- até onde vai esse chororô?

Ela nem respondia, só olhava pelo espelho a sua porteira sumindo na estrada poeirenta, uma imagem embaçada pelas lágrimas.

Hoje a saudade veio me visitar,  compartilhei com vocês!


terça-feira, 4 de junho de 2013

Festa Junina, quem gosta?







Eita sô...
Mês de junho é meio nostálgico, não acha?
Conheci uma garota que sempre gostou de festas juninas. Aliás ela adorava festas, qualquer uma que tivesse muita música.
Naquela época de sua juventude, anos 60,  não era comum ter bebidas alcoólicas nas festas,  e nas juninas, o quentão era tão fraquinho que quase não saia da xícara, coitado!
Essa amiga me conta que a euforia não era provocada pelo alcool, longe disso, era uma alegria autêntica, que contagiava e se espalhava pelo salão decorado de bandeirolas e baloezinhos coloridos.
Não era só Sto. Antonio, o padroeiro da cidade o grande homenageado. Em S.João também tinha festa, e em S. Pedro de novo, para não perder o pique e para pedir ao santo meteorologista que fosse camarada durante o ano todo.
Nas festas do colégio a garota participava na organização, ensaios, montagem de barracas, enfeites e brincadeiras.
Ela se emociona ao me contar sobre o "correio elegante" quando recebia os bilhetinhos e ficava olhando em volta para saber quem era o engracadinho que havia escrito.
Não raro os bilhetes eram enviados por amigos, ou amigas, que queriam brincar e se faziam passar por paqueras.
Tinha a cadeia, onde alguém pagava para outro ser preso, numa cela feita de bambús...e o prisioneiro só saia se alguém pagasse uma fiança.
Ela se lembra de um rapaz, o mais lindo do colegio, que foi preso junto de uma menina que gostava dele.
Tudo combinado, ninguém pagou a fiança. Eles passaram a festa toda atrás das grades de bambú, conversando...
Casaram-se e tiveram dois lindos filhos. Será que foi mérito dos amigos? Ou de Sto. Antonio?

E a quadrilha? Essa senhora que hoje me conta sobre as festas, tinha uma particular preferência pelas quadrilhas. Não perdia uma!
Nunca dançou com seu amor, uma pena, mas foram tantos e tão divertidos os pares! Tantos sorrisos e olhares, tantas voltas e mais voltas, e mais voltas...

E vejam bem, foi numa festa junina que minha amiga começou a namorar seu ultimo amor. Não houve cadeia, nem correio elegante, nem dançaram juntos a quadrilha.
Houve apenas ele assistindo e ela dançando. Ele olhando e ela sorrindo, ele sonhando e ela alimentando o sonho.
Houve pipoca, quentão e pé-de-moleque. E quando ninguém mais estava dançando houve um abraço no ponto do ônubus, um beijinho de despedida, um calor no peito dentro daquela noite gelada de S.João.

Uma lágrima insiste em rolar pelo rosto enquanto me conta sua historia. Mas  ela sorri, passa os dedos rapidamente sobre a face e diz com os olhos brilhando: " e então amiga, onde vamos fazer a festa desse ano? aqui mesmo no salão do predio? tem que ter bandeirinhas e também música, muita música!"