quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Eu vou...







Nunca gostei muito da primavera, e explico!
Sou alérgica a pólen, e nessa época de floradas e ventos tempestuosos,  não consigo ser muito feliz.
Acho maravilhoso andar pelas ruas aqui da cidade onde moro, nessa semana os ipês amarelos estão escandalosamente floridos.
Andamos por aqui pisando em flores, e isso é um presente da natureza, sempre tão generosa conosco.
Minhas florzinhas que ficam na lavanderia proporcionam uma festa para os olhos, tão lindas e cheirosas.




A primavera, considerada então a estação mais linda do ano, para mim é incômoda, apesar de toda essa explosão de cores e perfumes, e chuvas... e noites quentes e agradáveis.

As lembranças de outubro para mim são pesadas, escuras e úmidas.
Mesmo que meus olhos tentem olhar as trepadeiras floridas e tão somente agradecer aos céus por tanta beleza, meu coração é triste nesse mês de outubro.

Como vou fazer uma viagem nesse dia primeiro, acredito piamente que é um presente maravilhoso que a vida está me proporcionando, e vou desfrutar.
Nesse mês chuvoso e colorido, minha filha e minha neta nasceram, e serão sempre celebradas nessas datas tão lindas.
Mas foi nesse mês que sofri a maior de todas as minhas agonias, a pior experiência, a maior dor...
Não vou voltar a falar nesse assunto por um ano, apesar de não esquece-lo um dia sequer.
Fazem sete anos que perdi a pessoa que me amou incondicionalmente, que viveu para mim, e deixou um espaço em branco, uma frase sem terminar, uma interrogação sem resposta.

Estou às voltas com arrumação de mala, ultimas comprinhas, coisas para deixar arrumadas.
Vou fazer a viagem de minha vida, vou à Itália, com meu irmão e cunhada.
Coincidentemente (ou não?)  será em outubro, e como sei que ele adoraria ir também, penso que isso foi tramado e costurado,  talvez por alguém muito arteiro...
Tudo isso para mim é muito emocionante, intenso, e estranhamente delicioso.

Que os céus me protejam e permitam que eu grave em minhas retinas, para nunca mais esquecer, esses dias diferentes e incríveis que me esperam. Isso só pode ser uma benção.

Vamos?

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Samambaia, eu fui lá!




Sem mais nem menos eu decidi que iria até Samambaia.
Era um domingo pela manhã, bonito, sem compromisso algum.
Vamos lá...estrada boa, não muito longe daqui.
Não avisei a familia (independente demais!) pois voltaria logo.
Ao chegar à cidade de Elias Fausto, proxima a Capivari, fiz algumas perguntas e rapidinho estava entrando em Samambaia.

Pensei que estivesse só.
Mas não! carreguei ao meu lado o fantasma de meu pai,  sentado no banco do carona, e mais alguns no assento de trás.
A certa altura papai disse: -se voce virar aqui chegaremos ao "sitio de titia".
Era assim que  se referia ao sitio onde morou a vida inteira uma tia querida que ele visitava com frequência.
Eu olhava as estradas de terra vermelha entre os canaviais e ouvia meu pai dizendo - foi alí que conheci Alzira, e olhe... por alí  vovó andou a vida inteira levando o café pra gente na roça...
Tá vendo aquele lago? ali eu pescava aos domingos, junto de seu tio Zéca, lembra dele?
Pára o carro disse papai:-  Veja o armazém! era aqui que sua avó me mandava buscar mantimentos para a casa.
E minha mãe, no banco de trás dizia sorrindo:-  "Tide, olha o salão ao lago do armazém onde a gente dançava nos bailes de sábado!".
E o fantasma "doidinho" de minha avó Albina dizia com hálito de cigarro:
- Seu avô adorava tomar uma cachaça com os amigos nas tardes de sábado, bem aqui, na frente da venda.

Meus fantasmas gostaram mais do passeio do que eu, que senti vontade de chorar em cada esquina, em cada curva.

Papai não conseguiu encontrar a casinha onde morava. Suspeito que tenham demolido para plantar mais e mais cana.
Eles quiseram descer do carro por lá...penso que ainda moram lá.
No fim da estrada de pedra, quando começa a terra vermelha e o imenso canavial, sem fim,  olho pelo retrovisor e acredito que ainda os vi, acenando, no meio do poeirão.
Voltei só, como fui, e trouxe comigo as imagens que gravei no coração, de Samambaia, a terra de meus pais.


(a foto lá em cima é do Google. As fotos do celular ficaram feias e (imperdoável!) não levei máquina.
Volto um dia desses para fotografar).


quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Onde?



Ao sair ontem da casa de minha irmã,  sabia que precisaria rodar muito, uns 120 km, para chegar aqui em casa.
Pois bem, pensou a gostosona, porque não fazer aquele caminho que passa por São Roque e me faz economizar uns kilometros? Claro que não tinha muita certeza sobre o anel de acesso correto, mas poderia perguntar, afinal, sempre me vangloriei de nunca ter me perdido, sabia exatamente onde estava, sempre!
Vamos lá... era uma linda tarde de inicio de primavera, meio fria alí naquela região sempre fresca e agradável.
Chego a São Roque e já me deparo com obras na praça que deveria contornar para acessar a rodovia que me levaria para casa.
Paro o carro ao lado de um guarda de transito que conversava com mais dois ou tres homens e pergunto:
- E agora? como faço para pegar à rodovia Castelo Branco? (claro que não disse qual o sentido, interior ou capital).
e ele:
- Entre alí, à sua direita, e siga o fluxo.
Nem queiram imaginar onde fui parar!
A principio estranhei a paisagem (lembrem-se que sou perfeita, nunca me perco) muito diferente da qual estava acostumada. Depois a coisa ficou pior.
Eu estava na periferia de Amador Bueno, depois na periferia de Itapevi, depois na periferia de Jandira...
Na ultima vez que me informei eu estava entrando em Barueri e avistei a rodovia Castelo Branco...lá embaixo!
Entrei nela, sentido capital (e eu ia para o interior, lembram?).
Rodei mais uns 8 km. até encontrar um retôrno, já quase em Osasco.

Conclusão: voltei 60 km pela rodovia até alcançar o lugar onde deveria ter saído se aquele guarda cavernoso tivesse entendido minha pergunta (vale lembrar que eu nao erro).
Minha viagem agradável e fresca transformou-se em um inferno quente e poeirento.
E eu estava tão longe de casa ... e tinha visitado bairros que nunca imaginei existirem.
São tristes, mal planejados, carentes de tudo, com ruas estreitas e esburacadas, um horror! A periferia da Grande São Paulo, a maior cidade do país, a mais rica, e vergonhosamente abandonada, suja e mal cheirosa.

Mas cheguei bem! cansada, bunda quadrada de tanto dirigir, afinal foram 200 km "por baixo".
Mas a culpa foi do guarda, chatíssimo, que nem sequer olhou pra mim, nem perguntou qual o sentido da rodovia,  o que na minha opinião é imperdoável!
Ele deveria ter se interessado um pouquinho mais por mim, teria me poupado desse "tour" enfadonho e preocupante, porque afinal, eu estava perdida (ops! isso não!) eu estava ligeiramente confusa...
Da próxima vez vou tentar novamente o caminho por São Roque,  não acredito que cometa o mesmo erro por duas vezes. Mas a culpa foi do guarda, acreditem...